Sono
Dificuldade para dormir prejudica não só o descanso noturno, mas também as atividades do dia a dia; veja como tratar a insônia.
02/08/2022 • 5 min de leitura
Se o corpo dá sinais de cansaço, é porque precisa repousar para recarregar as energias. Seguindo essa lógica, bastaria deitar e dormir bem, certo? Mas as coisas nem sempre são tão simples assim.
Na relação entre o corpo físico e a mente, a sobrecarga do cotidiano pode estar acompanhada de preocupações e questões a resolver, desencadeando um ciclo vicioso de ansiedade e alerta.
A sequência de dias de exaustão e noites com dificuldade para dormir resulta em insônia. O distúrbio é caracterizado pela insatisfação persistente com a quantidade e a qualidade do sono.
Os problemas podem ocorrer na hora de adormecer ou para manter o sono contínuo durante a noite. Outro fator desfavorável é o despertar antes do horário desejado.
“Isso desencadeia sintomas diurnos como fadiga, cansaço e prejuízo na qualidade de vida. Então, mesmo se queixando de cansaço, algumas pessoas apresentam dificuldade para dormir”, afirma a médica Fernanda Haddad, que é otorrinolaringologista com atuação em medicina do sono e faz parte da Comunidade de Saúde da Alice.
De acordo com a Associação Brasileira do Sono, a insônia parte, essencialmente, de um evento estressor. Por hábitos ruins e associações mentais negativas, ela pode persistir e até se tornar crônica.
“Mas ela também costuma se encontrar ligada a outras condições clínicas, manifestando-se inicialmente como ‘sintoma’ e, em um momento posterior, como ‘transtorno’.”
A avaliação do que pode estar causando o distúrbio leva em conta o estado de saúde, a rotina individual e as condições do ambiente em que se dorme.
Um dos objetivos é avaliar os ritmos circadianos, que correspondem às mudanças físicas, mentais e comportamentais realizadas num ciclo de 24 horas. Esse processo interno é regulado principalmente pela luz natural e afeta a temperatura do corpo, o metabolismo, os hormônios e o sono.
Um estudo realizado em São Paulo com 1.042 pessoas apontou, pelos critérios clínicos, prevalência de 15% de insônia. Pelos exames, o índice subiu para 32%.
O distúrbio é mais comum em mulheres do que em homens. Acredita-se que influência hormonal, uma vez que a maior prevalência no gênero feminino começa desde a puberdade.
O número de diagnósticos também é maior em idosos, que costumam ter o sono mais fragmentado e apresentar mais doenças associadas.
Também existe a possibilidade de a insônia estar associada a casos de depressão e de transtorno de ansiedade –pode se tratar de uma relação bidirecional, em que uma condição leva à outra.
A primeira medida para tentar acabar com a insônia é adequar o estilo de vida. Para isso, é preciso adotar recomendações de higiene do sono, como fazer exercícios regulares, controlar o estresse, reduzir ruídos e a luminosidade no ambiente, adotar atividades relaxantes antes do horário programado para dormir e evitar álcool, cafeína e outros estimulantes no período noturno.
Quando somente a adequação da rotina não é suficiente, é possível recorrer a outras formas de tratamento.
“Com o diagnóstico de insônia e os fatores associados esclarecidos, o tratamento envolve primordialmente medidas comportamentais, como terapia cognitivo comportamental e terapia de aceitação e compromisso. Em alguns casos, pode ser necessário o uso de medicamentos”, afirma a médica Fernanda Haddad.
A terapia cognitivo comportamental para o sono é realizada em sessões com psicólogo para trabalhar pensamentos e comportamentos negativos em relação ao sono. Busca-se avaliar as dificuldades para dormir e incorporar atitudes assertivas, além de técnicas de relaxamento e de controle de estímulos.
Outra forma de tratar a insônia é a terapia de aceitação e compromisso. Essa técnica pode ser bastante útil para pessoas que têm dificuldade de se desconectar mentalmente das atividades diárias, sobretudo as do trabalho.
A proposta é compreender a tensão associada ao momento em que se tenta dormir. Em vez de buscar controlar o desconforto, prioriza-se o sentimento de aceitação na tentativa de diminuir a excitação fisiológica por ele causada.
As sessões procuram direcionar e adequar atitudes que geram sofrimento para comportamentos mais condizentes com os valores pessoais. O objetivo é tentar incorporar aos pensamentos um sentido para a própria existência e aplicá-lo no dia a dia, de modo a restabelecer uma rotina saudável, com noites tranquilas de sono.
Para os pesquisadores do tema, do ponto de vista psicológico é muito importante buscar disposição para administrar conflitos, uma vez que a personalidade e a forma como se lida com determinadas situações podem deflagrar os sinais de estresse que comprometem o sono.
“Para isso, o autoconhecimento é a melhor chave para expressão e manejo das necessidades, condições básicas para o acesso à tranquilidade mental e estado de entrega, estes sim, intrínsecos ao processo de dormir”, destaca cartilha da Associação Brasileira do Sono.
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