Mente
20/09/2021 • 11 min de leitura
Talvez você já tenha ouvido falar por aí que basta usar a sua “força do pensamento” para conquistar algo ou mudar a sua realidade. Mas não é exatamente assim.
A Ciência já comprovou que o pensamento positivo pode trazer mudanças em nossa saúde, a depender do sentimento que ele provoca. É papel da neurociência, nesse caso, estudar os neurotransmissores que fazem parte do nosso cérebro e que podem, ou não, determinar efeitos fisiológicos.
Mas pensar positivo, muitas vezes, não é suficiente para que a gente tenha melhorias em nossa saúde mental.
De quem é, então, a responsabilidade de analisar os nossos pensamentos e as nossas emoções?
Ou melhor, como saber como os nossos pensamentos são formados e de que maneira podemos modular a nossa reação diante deles?
E quando um determinado tipo de pensamento nos traz um sofrimento exacerbado, a ponto de se tornar um transtorno mental, o que devemos fazer?
Para a Ciência, a Terapia Cognitivo-Comportamental é considerada a “padrão ouro” no tratamento e no encaminhamento de muitos contextos de saúde mental. E pode ser um dos caminhos que oferecem a resposta para essas e outras perguntas.
Criada em 1960 por Aaron Temkin Beck, um psiquiatra e pesquisador americano, a metodologia se popularizou nos estudos de sintomas de ansiedade e depressão e hoje é uma das mais comuns no manejo clínico de diversos transtornos de humor.
O seu grande diferencial está em protocolos robustos e embasados cientificamente que conseguem acompanhar as melhorias em saúde mental de seus pacientes.
Isso porque a metodologia da TCC tem como objetivo analisar as nossas emoções e atitudes, mas não somente isso: essa terapia busca construir uma reação saudável sobre elas.
Ou seja, a partir da reestruturação dos nossos pensamentos, somos capazes de responder de forma mais assertiva aos estímulos externos, seja lidando com emoções complexas ou situações de desconforto.
Reestruturar o pensamento não é apenas transformar o conteúdo daquilo que a gente imagina. É ir além de clichês como “você atrai o que transmite” para mergulhar em um processo de autoconhecimento e autogerenciamento das nossas emoções.
Assim, a abordagem da TCC nos oferece uma espécie de lanterna que nos torna capazes de interpretar, representar e atribuir significados a determinadas situações de nossa vida. Assim, conseguimos afastar a mera repetição de pensamentos e comportamentos que, muitas vezes, podem ser disfuncionais.
É um método que nos ajuda a entender como as nossas emoções e os nossos pensamentos podem afetar os nossos comportamentos e as nossas ações. É um processo que permite que a gente analise as nossas experiências vividas no presente e como reagimos a elas.
O objetivo da terapia cognitivo-comportamental é analisar as nossas reações, que muitas vezes são automáticas diante de um contexto específico. A partir disso, seremos capazes de transformá-las em ações e decisões conscientes e coerentes com a nossa realidade.
A terapia cognitivo-comportamental é um modelo de psicoterapia que acredita ser possível reestruturar o nosso pensamento por meio de técnicas específicas e cientificamente embasadas para que a gente aprenda a reagir aos estímulos externos de forma mais assertiva. Essa mudança comportamental vai resultar em uma melhora no funcionamento global de cada pessoa, promovendo mais bem-estar e mais saúde psíquica.
A TCC é um método criado pelo psiquiatra, professor e pesquisador americano Aaron Temkin Beck na década de 1960. O especialista entendeu que as ferramentas até então utilizadas não eram efetivas no tratamento da depressão entre os seus pacientes.
De acordo com Beck, os métodos disponíveis tratavam apenas os sintomas dos pacientes depressivos, mas não ajudavam a lidar com os pensamentos distorcidos que os acompanhavam.
A partir daí, Beck construiu uma metodologia que auxilia o paciente a focar no seu comportamento e no seu processo cognitivo de formação de pensamentos e atitudes.
A TCC se tornou cada vez mais popular entre os pesquisadores, médicos e psicólogos, pois passou a ser estudada e validada com resultados significativos em experimentos embasados cientificamente.
A partir dos aprendizados com os pacientes com depressão, a metodologia também passou a ser utilizada no tratamento de transtornos de ansiedade e outros transtornos de humor. Atualmente, a TCC é utilizada também para outros transtornos psiquiátricos, como esquizofrenia e psicoses.
São diversas as técnicas utilizadas pela TCC, mas vai depender de cada caso. Algumas ferramentas utilizadas podem ser: diário e registro de pensamentos automáticos e emoções; simulação de contextos durante as sessões; e comunicação assertiva para a elaboração de emoções e desconfortos.
Essas técnicas têm como objetivo monitorar, ativar e expor o paciente a determinados contextos e comportamentos. Também podem ser integradas a outras ferramentas, como técnicas de resolução de problemas, mindfulness e a psicologia positiva.
Nesse processo reside um dos grandes diferenciais da TCC: para a metodologia, o paciente é visto como coterapeuta e participa ativamente da construção de esquemas e estratégias para o andamento da terapia.
Em seu fundamento, a TCC acredita que a gente aprende novos comportamentos colocando essas atitudes e pensamentos na prática.
Por isso, parte das ferramentas utilizadas pelo terapeuta consiste em atividades específicas que o paciente deverá encaminhar sozinho, seja registrando as suas emoções, seja tomando a frente de um determinado tipo de pensamento ou atitude.
Para a TCC não basta tomarmos consciência e reorganizarmos um pensamento ou atitude invasiva. É preciso fazer algo com aquilo e sobre aquilo que foi identificado.
Como aprendemos:
A metodologia pode ser indicada para diversos tipos de situações e depende da estratégia do terapeuta e do paciente. Em geral, grande parte dos pacientes que procuram a TCC lida com algum nível de sintomas de ansiedade e depressão.
De acordo com os estudos e as evidências de pesquisas, a TCC é a terapia “padrão ouro” para a Ciência.
Existem outras abordagens de terapia que também podem trazer benefícios, mas a terapia cognitivo-comportamental, dentre todas as técnicas psicológicas estudadas atualmente, é a que tem maior capacidade de ser mensurada e metrificada em relação aos níveis de melhoria de seus pacientes, seja a curto, médio e longo prazo.
Cada sessão dura entre 40 e 60 minutos e costuma ser semanal. O tratamento completo depende de cada caso e deverá ser avaliado pelo profissional que faz o seu acompanhamento.
Os primeiros protocolos desenvolvidos para estudos de eficácia da TCC eram de curta duração — de 8 a 12 semanas — em casos em que as demandas não eram complexas. Na prática clínica, o terapeuta não está limitado a esse prazo, e a TCC pode ser de média ou longa duração.
É importante deixar claro também que a TCC tem começo, meio e fim. Ou seja, cada sessão realizada tem um objetivo proposto que deve ser perseguido como forma de tornar a terapia mais fluida e assertiva.
Isso quer dizer que as sessões de terapia vão se tornar um esquema pré-concebido para analisar o paciente? Não! Faz parte do manejo terapêutico ser capaz de personalizar e assimilar as diferentes necessidades de cada paciente, adequando a TCC às demandas e expectativas de cada caso.
Isso vai depender de cada caso e deverá ser avaliado pelos profissionais de saúde. Para algumas pessoas, o tratamento medicamentoso pode ser necessário, mas deve ser indicado pelo médico responsável pela saúde mental dessa pessoa.
No entanto, essa não é a regra. Em geral, o tratamento com a TCC ocorre sem uso de medicações psiquiátricas.
Todos os tipos de transtornos de humor e psiquiátricos podem se beneficiar das técnicas da TCC. Na literatura científica, não há relatos consistentes de contraindicações da TCC, o que torna possível de ser aplicada nos mais diversos contextos.
O principal benefício desenvolvido com a Terapia Cognitivo-comportamental envolve o desenvolvimento da autonomia, do autocuidado e do autogerenciamento emocional.
Isso acontece porque o principal objetivo da TCC é promover a psicoeducação, ou seja, ajudar as pessoas a aprender técnicas que melhorem a percepção e controle de seus sentimentos, pensamentos e comportamentos.
Pode parecer uma tarefa simples quando estamos saudáveis e em algum equilíbrio. No entanto, esse tipo de percepção pode mostrar-se disfuncional quando atravessamos algum contexto de saúde mental, como quando lidamos com sintomas de ansiedade e depressão.
Após as sessões, os principais resultados envolvem uma sensação de acolhimento e validação dos nossos sentimentos. Ao longo do processo da terapia, espera-se que o indivíduo sinta-se instigado a refletir sobre seus sentimentos, mas de forma orgânica, sem pressões ou cobranças em se tornar uma pessoa equilibrada e positiva.
Faz parte do processo entender que as emoções não positivas, como raiva, frustração, angústia e medo, são alguns dos componentes da nossa experiência humana.
Ao final do tratamento, é esperado que a pessoa consiga sentir o alívio dos sintomas inicialmente experienciados e maior segurança emocional.
A TCC proporciona um processo de intenso autoconhecimento, em que é possível aprender a identificar, nomear e lidar com as emoções, além de construir relacionamentos mais saudáveis e uma melhoria na saúde mental.
Sim. A TCC é um método bastante indicado para os atendimentos infantis, principalmente porque se baseia na importância do manejo comportamental assertivo, que é muito importante na fase do desenvolvimento psicossocial da infância.
A TCC oferece as ferramentas lúdicas, e muitas vezes não-verbais, que são adequadas para que os pequenos possam elaborar as suas emoções diante dos estímulos, seja da família, da escola ou de seu convívio social.
Nesses casos, o papel do profissional é ajudar as crianças a se empoderarem em relação aos seus sentimentos, sem medo de errar ou de serem julgadas por suas atitudes.
O CFP considera a TCC como uma das áreas da Psicologia Clínica mais presentes na sociedade, devido aos inúmeros avanços em termos de estudos científicos e metodológicos em relação à prática. A TCC oferece uma objetividade e abrangência de tratamentos que podem ser adequados aos diversos contextos da nossa sociedade moderna.
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