Key points
- O tema “cultura de segurança” nos serviços de saúde ganhou relevante expressão desde 1999, com o relatório “To Err is Human”, desenvolvido pelo Institute of Medicine Committee on Quality of Health Care in America, nos Estados Unidos. A publicação trouxe à tona os números da insegurança, revelando centenas de milhares de mortes decorrentes das falhas na assistência à saúde.
- Mesmo a partir desse alerta, as melhorias para tornar a prestação do cuidado mais segura ainda seguem morosas, o que prejudica a implantação dessas medidas nos serviços de saúde. Vale ressaltar que ainda há pouco conhecimento da cultura de segurança em diferentes âmbitos, desde a Atenção Primária até a saúde suplementar.
- Na gestora de saúde Alice, a cultura de segurança foi introduzida no primeiro semestre de 2021, e os primeiros resultados foram analisados ao fim daquele ano, com o registro de 78 notificações de eventos adversos. Desde então, o time passou por mudanças estruturais e de processos, que contribuíram para um aumento das notificações. O pico mais recente de notificações foi identificado em outubro de 2022, com o registro de 241 notificações de eventos adversos.
- A cultura de segurança é uma estrutura dinâmica e contínua que, visando às melhorias dos serviços de saúde, exige o envolvimento de todos os profissionais das instituições – seja qual for o âmbito do cuidado.
Palavras-chave: Cultura de Segurança; Eventos adversos; Planos de ação.
Introdução
O tema da segurança na área da saúde vem sendo discutido há muito tempo, com diversas contribuições para o tópico. Mas foi com a publicação do relatório “To Err is Human: Building a Saver Health System”, do Institute of Medicine Committee on Quality of Health Care in America, nos Estados Unidos, em 1999, que o assunto ganhou mais força e passou a ser mais estudado.
O relatório parte do princípio de que errar é humano. No entanto, é preciso ter ações consistentes para que esses erros não causem nenhum – ou o mínimo possível – dano ao paciente. E esse trabalho é cada vez mais difícil, visto que o desenvolvimento da medicina e o aumento das tecnologias envolvidas na saúde tornam o cuidado cada vez mais integral além de mais complexo e mais suscetível a erros. [1]
Um cuidado ofertado de forma qualificada e segura em um serviço de saúde tem um ganho significativo quando apresenta, também, uma cultura de segurança bem enraizada. Por definição, o termo “cultura de segurança” representa toda a instituição que se compromete e se envolve na identificação dos processos de melhorias para reduzir, a um mínimo aceitável, os riscos de danos ao paciente – além de entregar um cuidado individualizado e baseado em evidências. [2]
O desenvolvimento de uma cultura de segurança é constante, contínuo e deve ser frequentemente atualizado. Por padrão, a cultura de segurança contempla um processo de:
- Notificação;
- Análise de dados;
- Análise de Causa Raiz;
- Sugestão de Planos de Ação;
- Implementação do Plano de Ação;
- Acompanhamento do desfecho das melhorias [3].
Na Atenção Primária à Saúde, ainda há poucas oportunidades de notificação de eventos de menor gravidade e os chamados “near misses”, ou quase acidentes, em tradução livre. Além disso, há poucas publicações sobre a cultura de segurança no modelo de atendimento digital.
É inquestionável, no entanto, a importância desse tema nesses tipos de assistência à saúde e, na gestora de saúde Alice, o constante fortalecimento da cultura de segurança, com foco nas melhorias dos processos, em um ambiente de segurança psicológica e cultura justa, é prioridade.
Relato de experiência
Na Alice, a cultura de segurança foi introduzida no primeiro semestre de 2021. A partir da atuação de um time multiprofissional empenhado e motivado, a primeira medida adotada foi a criação de um fluxo de trabalho com os temas que eram mais recorrentes até aquele momento.
Na sequência, os profissionais de saúde foram orientados a notificar os eventos adversos, cujos alertas eram repassados ao time responsável pela cultura de segurança. Em novembro de 2021, foi atingido um máximo de 78 notificações.
Seis meses depois, em maio de 2022, o time recebeu uma nova liderança e, então, nova estruturação. Com isso, novos processos de trabalho começaram a ser implementados. No mesmo mês de maio, foi registrado o pico de 105 notificações, embora as análises e os planos de ação ainda estivessem em aperfeiçoamento.
Em agosto de 2022, foi liberado um novo fluxo de trabalho, com taxonomias e estruturas baseadas em evidência, inserido em um canal de comunicação dos colaboradores que abrange o maior número de profissionais – e com um processo de privacidade agregado.
Por meio de divulgações constantes, participações em reuniões específicas e outras medidas, o processo passou a ser mais conhecido pelos colaboradores. Em outubro de 2022, foi registrado um novo pico, com 241 notificações.
Análises na cultura de segurança
Com o aumento nas notificações, as análises dos dados passaram a ser mais bem elaboradas, baseadas no Clinical Incident Management Toolkit. Por consequência, as propostas de plano de ação se tornaram mais consistentes também.
Em novembro de 2022, foi agregado à equipe um robusto time de Champions, composto por profissionais da Enfermagem, Fisioterapia, Nutrição, Psicologia e Medicina, que representam todas as áreas assistenciais da instituição. Com isso, o time de cultura de segurança ganhou maior visibilidade e maior velocidade nas análises.
Desde que se implantou a nova estrutura de cultura de segurança, são registradas, em média, 186 notificações mensais – que contemplam 45 sugestões de planos de ações, com natureza de:
- Processos de cuidado e trabalho;
- Produto/controle/software;
- Treinamentos/orientações e Lógicas de Saúde;
- Feedbacks pontuais, com o objetivo de capacitar os profissionais.
Foram realizadas ainda diversas reuniões de Análise de Causa Raiz e 20 disclosures com os membros (como os pacientes são chamados na Alice), com o intuito de revelar a eles o que ocorreu e como os atendimentos serão mais seguros a partir das ações adotadas.
É importante ressaltar que a notificação de eventos adversos contribui para a melhoria de processos e apoia uma cultura de segurança sólida e generativa, por meio do aumento da consciência, confiança e da responsabilidade de cada área e de cada profissional da gestora de saúde Alice.
Conclusão
A cultura de segurança é uma dinâmica contínua que, visando às melhorias, exige o envolvimento de todos os profissionais do serviço de saúde. Na Alice, o crescimento dessa estratégia tem sido cada vez mais notável, assim como o impacto na visibilidade das melhorias dos processos.
A Alice tem o propósito de tornar o mundo mais saudável e a estratégia de Member Safe contribui para que isso seja feito de forma qualificada, eficaz e segura. O objetivo da gestora de saúde é tornar a Cultura de Segurança cada vez mais enraizada – o que significa ter todos os Pitayas (como são chamados os colaboradores da Alice) comprometidos com o propósito, priorizando uma comunicação ativa e um ambiente de trabalho com riscos mínimos, além de conquistar um espaço de referência em Qualidade e Segurança na Saúde Suplementar.