Key points
- Relato de experiência detalha a implementação da coordenação do cuidado para a gestão de pessoas com doenças crônicas pela equipe de enfermagem da healthtech Alice. Os resultados foram apresentados durante o 73º Congresso Brasileiro de Enfermagem, em Salvador (BA).
- A coordenação do cuidado foi implementada na gestora de saúde por meio da intersecção entre a atuação da equipe assistencial com outras duas equipes de enfermagem: o grupo responsável pela integração dos dados dos diferentes níveis de atenção à saúde; e o grupo responsável pela gestão populacional com ações de garantia de qualidade baseadas em protocolos e em linhas de cuidado institucionais voltadas às doenças crônicas não transmissíveis.
- Foram avaliadas as experiências ocorridas entre agosto de 2021 e junho de 2022, com o acompanhamento de 45 pessoas com Diabetes mellitus e 1,5 mil com obesidade.
- Mais da metade (55%) dos membros (como são chamados os pacientes na Alice) com diabetes apresentaram redução da hemoglobina glicada com melhora do grau de gravidade. Nos quadros em que, inicialmente, 45% dos membros estavam classificados como graves, no fim do período de análise eram 23%.
- Cerca de 38% dos membros com obesidade apresentaram redução do peso corporal no período; 13% reduziram o grau de obesidade.
Palavras-chave: Coordenação do cuidado; Enfermagem; Atenção Primária à Saúde; Doenças crônicas.
Introdução
Uma das principais estratégias para a identificação e o acompanhamento de pessoas com condições crônicas ou de alto risco é a coordenação do cuidado. Isso porque, além de integrar as necessidades de saúde dessa população, a estratégia também favorece a continuidade da assistência, pois conta com a participação de uma equipe multiprofissional.
No contexto da Atenção Primária à Saúde (APS), a coordenação do cuidado auxilia na navegação do membro pelo sistema e integra diversos fluxos em diferentes esferas de saúde – elemento importante para a garantia do acesso, equidade e qualidade dos serviços.
Outros benefícios da estratégia são:
- Melhora a gestão de doenças crônicas;
- Favorece experiência do usuário;
- Reduz o número de reinternações hospitalares e o custo geral da saúde.
As tecnologias voltadas à comunicação, os registros e o uso de protocolos institucionais são ferramentas facilitadoras do processo de coordenação do cuidado que permitem a melhoria da qualidade na assistência à saúde. A combinação entre coordenação de cuidado, tecnologia e protocolos institucionais mostra-se um ponto-chave para o aumento da qualidade e da satisfação dos usuários, além do aumento da sustentabilidade do sistema.
Relato de experiência
O presente relato de experiência detalha a implementação da coordenação do cuidado para a gestão de pessoas com doenças crônicas pela equipe de enfermagem da Alice. Foram avaliadas as experiências dos profissionais de saúde ocorridas entre agosto de 2021 e junho de 2022.
A coordenação do cuidado foi implementada por meio da intersecção entre a atuação da equipe assistencial com outras duas equipes de enfermagem:
- Grupo responsável pela integração dos dados dos diferentes níveis de atenção à saúde;
- Grupo responsável pela gestão populacional com ações de garantia de qualidade baseadas em protocolos e em linhas de cuidado institucionais voltadas às doenças crônicas não transmissíveis.
Resultados
Até junho de 2022, foram acompanhadas 45 pessoas com Diabetes mellitus e 1,5 mil com obesidade. Dos resultados encontrados, de acordo com cada condição:
Diabetes mellitus
Em um período médio de 163 dias, 55% dos membros com diabetes apresentaram redução da hemoglobina glicada com melhora do grau de gravidade. Nos quadros em que, inicialmente, 45% dos membros estavam classificados como graves, no fim do período de análise eram 23%.
Obesidade
Quanto aos membros com obesidade, 38% apresentaram redução do peso corporal no período; sendo que 13% reduziram o grau de obesidade.
A busca ativa e as ações educativas destinadas a essa população são estratégias que também compõem a coordenação de cuidado, visando à maior autonomia do usuário, além de aumento do vínculo e aproximação entre a equipe de saúde e pessoas menos aderentes ao cuidado.
Com isso, conclui-se que a coordenação do cuidado favorece o engajamento dos usuários aos cuidados e tratamentos, e possibilita uma melhor experiência e garantia de acesso à saúde.
Este relato de experiência pode fomentar mudanças na formação do enfermeiro, capacitando-o para coordenação do cuidado. Além disso, fortalece o profissional de enfermagem como um profissional com habilidade e competência técnica para atuar com visão ampliada para gestão de casos e estabelecimento de fluxos que tendem a contribuir com a saúde e continuidade do cuidado.